Texto pede “razoabilidade” da Selic e sugere redução de desigualdade e combate à pobreza como metas do BC.
Os economistas Nelson Marconi (esq.), Luiz Carlos Bresser-Pereira (centro) e Monica de Bolle (dir.) encabeçam manifesto crítico à política monetária do BC; texto argumenta que instabilidade econômica é prejudicial à democracia e pode dar “substrato para a emergência do fascismo” no país.
Um grupo de economistas de orientação heterodoxa lançou um manifesto conjunto na 5ª feira (9.fev.2022) onde defende uma “razoabilidade” da Selic, a taxa básica de juros, que está em 13,75% ao ano desde setembro de 2022. A questão tornou-se alvo de um embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o BC (Banco Central) nas últimas semanas.
“A taxa de juros no Brasil tem sido mantida exageradamente elevada pelo Banco Central e está hoje em níveis inaceitáveis. O discurso oficial em sua defesa não encontra nenhuma justificativa, seja no cenário internacional ou na teoria econômica, e o debate precisa ser arejado pela experiência internacional”, diz o manifesto.
O texto foi publicado como um abaixo-assinado na plataforma Change.org. Tinha 917 assinaturas até a manhã deste sábado (11.fev).
É encabeçado por economistas como:
- Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-ministro da Fazenda;
- Antonio Corrêa de Lacerda, ex-presidente do Cofecon (Conselho Federal de Economia);
- Nelson Marconi, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e coordenador do programa econômico de Ciro Gomes (PDT), em 2022;
- Monica de Bolle, professora adjunta da Universidade Johns Hopkins;
- Leda Paulani, professora da faculdade de Economia da USP (Universidade de São Paulo);
- Luciano Galvão Coutinho, ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Sem citar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, o manifesto critica a recente orientação do Copom (Comitê de Política Monetária) de manter o patamar elevado da Selic por “período mais prolongado do que o cenário de referência” para atingir o objetivo de inflação anual de 3,25%.
Segundo o texto, a excepcionalidade da alta taxa justificada pelo Banco Central é uma exclusividade brasileira que leva a um “estrangulamento das atividades produtivas e criadoras”.
“Nenhum dos países dotados de recursos e economias estruturadas possui uma taxa de juros sequer próxima da que prevalece no Brasil e que o Banco Central pretende manter por longo período”, diz o manifesto. “E todos esses países reconheceram o caráter excepcionalíssimo do surto inflacionário recente, explicado pela pandemia e pelo conflito bélico [na Ucrânia], não por excesso de demanda”, completa.
O grupo sugere que a política monetária esteja orientada, além de controlar a inflação, pelos objetivos de extinguir a pobreza e reduzir desigualdades, além de cumprir metas de sustentabilidade e preservação da natureza.
Um dos argumentos mobilizados é que um cenário de desemprego e recessão econômica pode dar “substrato para a emergência do fascismo, do militarismo, da xenofobia e do ataque a minorias” no país. “Uma governança econômica que seja capaz de debelar o atual estado de estagnação e crise não é somente importante para a melhora das condições de vida da população, mas é também essencial para que retomemos uma trajetória de construção democrática”, afirma o texto.
“Os economistas signatários deste manifesto declaram publicamente o apoio a uma política que seja capaz de reduzir substancialmente a taxa de juros, propiciando as condições para a retomada do desenvolvimento com estabilidade sustentável”, finaliza.
LULA X BANCO CENTRAL
Lula tem demonstrado publicamente seu descontentamento com a taxa de juros e com Campos Neto. Na cerimônia de posse de Aloizio Mercadante na presidência do BNDES na 2ª feira (6.fev), chamou a manutenção da Selic em 13,75% de “vergonha”.
No dia seguinte (7.fev), o mercado interpretou a ata do Copom (Comitê de Política Monetária), redigida em tom considerado ameno, como um sinal de trégua entre o governo e o Banco Central. Porém, Lula voltou a criticar o presidente da autoridade monetária no mesmo dia.
A cúpula do governo argumenta que o patamar atual da Selic desestimula o crescimento da economia pelo alto custo de aquisição de crédito e pode levar o país a uma recessão. Em seu último relatório, o FMI (Fundo Monetário Internacional) projeta que o PIB (produto interno bruto) brasileiro cresça 1,2% em 2023.
LEIA A ÍNTEGRA DO MANIFESTO
“A eleição de outubro renovou as esperanças de que o Brasil possa reencontrar os caminhos para a estabilidade política e um lugar respeitável no mundo. O Brasil precisa de paz e de perspectivas. O mundo precisa da estabilidade do Brasil.
“O presidente Lula tem sabido enfrentar, desde 30 de outubro, alguns dos desafios mais sérios, a começar pela trama da contestação dos resultados das urnas e as arruaças promovidas pelos maus perdedores, bem como soube construir um orçamento viável para as emergências amplamente reconhecidas. O governo de amplo espectro mostra o compromisso com a inclusão e a governabilidade. Mas é preciso mais.
Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/economia/manifesto-de-economistas-cobra-queda-nos-juros-ao-banco-central/)
© 2023 Todos os direitos são reservados ao Poder360, conforme a Lei nº 9.610/98. A publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia são proibidas.
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