
Assim que a ditadura caiu de podre e Trancredo Neves anunciou a Nova República, os militares brasileiros passaram a acalentar a ideia de que haveria um espírito revanchista contra as Forças Armadas na sociedade brasileira. A vingança teria, na visão deles, dois motores de arranque: a esquerda e a mídia.
Cometeram um erro imperdoável para quem é treinado com o objetivo de identificar e derrotar o inimigo. O grande revanchista não é um político esquerdista, muito menos jornalista. Ao contrário. Hoje, quem mais busca a desforra contra eles é um ex-militar frustrado que gosta de assinar como “comandante supremo das Forças Armadas”. Chama-se Jair Bolsonaro. Os militares acertaram que seu grande problema na redemocratização seria o revanchismo. Mas erraram feio ao diagnosticar de onde partiriam os ataques.

Vamos voltar aos militares da era pré-Bolsonaro presidente. No livro “Militares e Política na Nova República”, os professores Maria Celina d’Araujo e Celso Castro ouviram os 14 principais chefes militares da redemocratização.
“É importante chamar a atenção, desde já, para uma palavra que é absolutamente recorrente nos depoimentos reunidos neste livro: revanchismo”, alertam os autores, que dedicaram um capítulo exclusivo ao tema.
Fonte: G1
Comunicação/Cal/Pública/2021
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