
Rudá Ricci, cientista político, Doutor em Ciências Sociais e Presidente do Instituto Cultiva, é mediador no 1º Congresso Virtual da Pública Central do Servidor.
Ontem, moderei um debate sobre conjuntura num evento nacional da Pública, central sindical dos servidores públicos. Os expositores foram o ex-ministro Ricardo Berzoini e Adroaldo da Cunha Portal. Vou sintetizar os principais pontos apresentados.
Na foto acima, Rudá Ricci no momento do debate com o Ex-ministro Ricardo Berzoini e o também cientista político, Adroaldo Portal.
1) Ricardo Berzoini, ex-ministro (por 4 vezes), ex-deputado federal e ex-dirigente sindical (bancários) sustentou que vivemos a desorganização e desestruturação do país enquanto nação soberana. Citou o desmonte da política de exploração do pré-sal e dos bancos estatais.
2) Berzoini reafirmou – o tempo todo – a necessidade de se recuperar o sentido dos conteúdos programáticos. Entende que os partidos brasileiros são frágeis e raramente possuem programas para o país. Na maioria das vezes, são políticas para alimentar o eleitorado regional.
3) O ex-ministro sustentou, ainda, que vivemos sob um Estado de Exceção e que Paulo Guedes rema na direção contrária do mundo. Como ilustração, citou o quarto pacote de ajuda emitido pelo presidente Biden, dos EUA.
4) E citou a pauta do momento: a) defesa da Constituição Federal; b) resolução do papel dos militares (“devem retornar aos quartéis”); c) defesa do patrimônio nacional; c) defesa da agenda de desenvolvimento. Berzoini citou Vargas e JK como exemplos que norteiam esse pacto.
5) Sobre 2022, Berzoini sugeriu uma ampla aliança cujo mote deveria ser “Defesa da Vida, do Desenvolvimento Nacional e da Democracia”. E sugeriu, ainda, uma frente eleitoral em que caberia o Centrão.
6) Reproduzo, agora, a fala de Adroaldo da Cunha Portal, chefe de gabinete da Liderança do PDT no Senado. Adroaldo qualificou o governo atual com o pior de nossa história, governo que alijou o Brasil no cenário internacional.
7) O dirigente do PDT sustentou que o mundo avalia o atual governo como um fracasso irreversível. Citou matéria recente publicada no The Economist em que sugere que não sairemos tão cedo da recessão.
8) Adroaldo afirmou que o Banco Mundial divulgará um estudo que indica a inanição da economia brasileira e sustentou que o mundo abandonou a austeridade fiscal neste momento, ao contrário do discurso de Paulo Guedes: “a austeridade não estará na pauta mundial na próxima década”.
9) Na sua avaliação, Paulo Guedes só seria ministro num governo Bolsonaro, já que não é respeitado nem mesmo em Chicago. Contudo, lamentou que o alto empresariado brasileiro se alinhou com o discurso desqualificado de Bolsonaro e este é um obstáculo a ser superado.
10) Na visão do chefe de gabinete da liderança do PDT, este engajamento extremista do empresariado brasileiro exigirá do centro-esquerda clareza de definições e enfrentamentos em 2022, embora acredite que o Brasil não aguentará até o próximo ano.
11) Citou o caso dos Correios e a ação recente de Arthur Lira. Citou que as 20 maiores economias do mundo têm nos correios um serviço essencial e, portanto, público. Citou o caso de Portugal que, ao privatizar, vive a pressão dos empresários que não querem universalizar.
12) Adroaldo citou que aqui no Brasil, o projeto de privatização dos Correios está acelerado. Ao invés de criar uma comissão especial ou distribuir o projeto por 5 comissões permanentes da Câmara, Arthur Lira decidiu enviar direto para apreciação do plenário.
13) Contudo, sugere que, estando no terceiro ano de mandato e enfrentando uma crise sem precedentes, dificilmente o governo federal emplacará reformas de peso como a tributária. Poderá passar algum detalhe, mas nada além disso. (Termino aqui o resumo das exposições).
Comunicação/Cal/Pública/2021
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