Presidente da Fenafisco responde a editorial do Globo

Ontem (21), O Globo em editorial pregou que os servidores públicos deem sua cota de sacrifício neste momento com a redução dos seus vencimentos.

O presidente da Fenafisco, Charles Alcantara, dá a sua resposta com um sonoro “cada um dá o que tem.

O Brasil possui 206 bilionários que, juntos, acumulam uma fortuna de mais de R$ 1,2 trilhão.

Esses 206 bilionários pagam proporcionalmente menos impostos que a classe média e os pobres.

Se o país criasse um imposto de apenas 3% por ano sobre a fortuna de R$ 1,2 trilhão, seria possível arrecadar R$ 36 bilhões anuais, valor superior ao orçamento de 1 ano de todo o programa Bolsa-Família.

A soma de toda a riqueza das famílias brasileiras é de cerca de R$ 16 trilhões de reais, estando a quase metade de toda essa riqueza – ou seja, R$ 8 trilhões – nas mãos de apenas 1 % das famílias.

Se o país taxasse o patrimônio trilionário dessas famílias em apenas 1%, seria possível arrecadar R$ 80 bilhões, o que equivale ao valor de toda a receita estimada em 2020 para o Estado de Minas Gerais, o segundo mais populoso do Brasil, com mais de 20 milhões de habitantes.

Façam as contas: R$ 36 bilhões cobrados sobre a renda dos 206 bilionários (+) R$ 80 bilhões cobrados sobre o patrimônio do 1% das famílias mais ricas (=) R$ 116 bilhões.

Esses R$ 116 bilhões a mais nos cofres públicos sequer representam sacrifício para esse punhado de bilionários, mas equivale a praticamente todo o orçamento federal da saúde.

Se chamados a contribuir um pouquinho mais com o país, garanto que nenhum desses bilionários deixaria de frequentar os melhores restaurantes do mundo, satisfazer todos os seus desejos mais extravagantes ou deslocar-se nos seus jatinhos executivos de última geração.

Os donos do jornal O Globo fazem parte dos 206 bilionários e também das famílias brasileiras que detém, juntas, um patrimônio de R$ 8 trilhões.

Em editorial publicado no jornal de sua propriedade, edição desta sexta-feira (20), a bilionária família Marinho defendeu a redução dos salários dos servidores públicos como forma de colaborar com a crise gerada pela pandemia da Covid-19.

A família Marinho não se dispõe a abrir mão de uma parcela insignificante da sua fortuna para ajudar o país, mas se acha no direito de propor que os servidores públicos sejam confiscados em seus salários.

A contribuição em termos monetários que O Globo se dispôs a oferecer ao país num momento tão dramático foi um editorial indigno, desonesto e covarde.

Cada um dá o que tem, não é mesmo? finaliza Charles.

Comunicação/Cal/Pública/2020

3 comentários em “Presidente da Fenafisco responde a editorial do Globo”

  1. María Mota Pires

    Concordo com o sr. Charles. Tem que tirar dos milionários/bilionários. Nós servidores públicos já vivemos contando moeda. Nós vivemos pagando empréstimo a banco e a cartão de crédito pra comprar comida e remédios. O plano de saúde toma metade do salário de muitos servidores. Tem servidor que saiu do plano de saúde pra conseguir comer e comprar os remédios.Se reduzir nosso salário vamos ficar pior do que já vivemos. Pior, tem servidor que passa muita dificuldade alimentar. Muitos servidores se mantém no plano de saúde porque os filhos pagam. Esse presidente insano e decadente mais o tal do Guedes não sabem governar. Porque eles que tem tudo pago por nós cidadãos não abrem de seus salários? Nós trabalhamos 40 anos no nosso órgão, e até hoje pagamos a previdência, então não temos que ser sacrificados em mais nada.

  2. Edilson Martins

    Meu apoio, senhor Charles Alcantara.
    Esses milionários, quer por meios legais ou duvidosos, devem aprender a tão famosa frase bíblica “Amar ao próximo como a si mesmo” e até aprender como o exemplo de Zaqueu.
    Mas, tem aula de história também. Veja como a Genebra do Sec XVI agiu para combater a crise, a miséria e a pobreza. Foi assim, “todos podem ajudar, mas, quem tem mais, com certeza pode ajudar muuiitoo mais.”

  3. Gilberto Teixeira

    Parabéns pela explanação. Esse imposto deveria ser implantado o mais rápido possível. Deveríamos fazer uma campanha nacional para a criação e implantação.
    Onde estão os grupos #nas ruas – #vemprasruasbrasil e outros que poderiam se juntar para promover essa campanha?

Comentários encerrados.

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