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Artigo: O faroeste

 

Dia desses assisti a um filme de faroeste. Chamaram-me a atenção as cenas de diligências e carroças rolando ribanceira abaixo em acidentes pavorosos. Ou sendo alvo de inclementes assaltos.

Não menos marcantes, porém, foram as imagens retratando a brutal mudança do país quando da chegada de modernos trens. Ao longo das ferrovias foram nascendo cidades e florescendo o comércio.

Recordei-me, a propósito, de sábia observação de Max Altman: “Mesmo com constante troca de cavalos, os 170 km de Nova York a Filadélfia exigiam dois dias de intensa viagem numa diligência leve. Com essas velocidades, as costas do largo território do país estavam distantes meses uma da outra. Como poderia tão vasto país ter a esperança de permanecer unido?”

Eis que, aos 4 de junho de 1876, apenas 83 horas após deixar Nova York, chegava a São Francisco, na costa oeste, uma composição ferroviária – a Transcontinental Express. Nos 50 anos seguintes os Estados Unidos construiriam mais ferrovias do que qualquer outro país. E se desenvolveram.

Uma rápida pesquisa sobre o tema revelou-me que um único vagão pode transportar o equivalente a três carretas de soja com 35 toneladas cada. Que apenas três locomotivas puxando 82 vagões consomem a mesma energia de 246 carretas. Que o transporte ferroviário proporciona sensível redução de perda de cargas pelo caminho dada a melhor acomodação. E que evita milhares de acidentes de trânsito a cada ano.

Para um país de dimensões continentais, como o Brasil, a ilógica ‘opção rodoviária’ significa maior dificuldade no escoamento de produtos, menor crescimento da economia, piora nos índices de credibilidade para investimentos em geral etc.

Como é possível que esta verdade tão simples seja historicamente ignorada neste país? Que continuemos a insistir em rodovias? Quem ganha com isso?

Pois é. Dia desses fui viajar pelas rodovias brasileiras. Chamaram-me a atenção as cenas de diligências, digo, carros, e carroças, digo, caminhões, rolando ribanceira abaixo em acidentes pavorosos. Ou sendo alvo de inclementes assaltos.

Cadê nossas ferrovias, Brasil? Foram sepultadas com Mauá, a bem de alguns. Enquanto isso lá está o Jeca Tatu na estação, cantarolando a música imortal de Adoniran Barbosa: “se eu perder este trem, que sai agora às onze horas, só amanhã de manhã”.

Por Pedro Valls Feu Rosa

Comunicação/Cal/Pública/2021 

 

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